O Papinha, a casa do Panga entre outros.
Sobre as lendas de Jaguaruana - Tinha também o Papinha. Um senhor que trabalhava durante o dia numa bodega e à noite ajudava a limpar o ônibus que vinha de Fortaleza. O melhor de Papinha era ele ser capaz de responder as horas sem olhar o relógio. Era só a gente vê-lo, que gritava: Papinha, que horas?. Ele nunca errou. Eu, pelo menos, nunca vi.
E quem nunca se admirou com a frente da casa do Panga? Diziam que ele se chateou, quando vizinhos copiaram a cor de suas paredes, então resolveu inovar, meio que desafiando alguém a copiar suas ideias. Acho que todo mês Panga mudava a frente da casa, numa combinação de cores que só quem viu vai entender. Foi Panga quem apresentou a arte abstrata a Jaguaruana. Estou certo disso.
Aqui eu ainda teria muitos outros para citar. Pois, como falei antes, Jaguaruana é uma terra rica de lendas. Lendas reais, diga-se de passagem. Aí me pergunto: será que um dia também serei uma lenda em minha terra? Talvez sim. E até imagino como seria um diálogo daqui a uns 100 anos:
Ei, você já ouviu falar no Ciro?
Que Ciro?
Um louco aqui de Jaguaruana que escrevia crônicas.
(Trecho retirado do livro Meu Baú de Memórias, de Ciro Zulu)