O autor destaca a importância das manifestações culturais e da participação popular, que fortalecem a identidade e a memória coletiva da cidade.
Talvez muitos se surpreendam com o que eu vou confessar agora, mas não, o carnaval não é nem de longe a minha festa predileta. Alguém pode perguntar: Ciro, e as fantasias?
Pois é, as fantasias são a razão do meu carnaval. Se elas não existissem, eu nem iria. No entanto, eu sempre fui um admirador da cultura do carnaval de rua, por essa invasão de cultura popular pelas ruas, espalhando alegria.
A concentração do bloco Kxão Azul era na rua Padre Rocha. Ali saíamos pelo beco do Jatec, fazíamos um pedaço da Avenida 4 de setembro (atual Dr. Antônio da Rocha Freitas) e voltávamos para a Padre Rocha. Dali podíamos ir na Padre Rocha até o final, ou pegarmos a Avenida Simão de Goes. O bloco
era acompanhado por uma banda. Um jipe trazia o caixão azul (símbolo do bloco) e um de seus organizadores ia puxando a massa. O melhor do bloco era exatamente isso: o bloco tinha repertório próprio. Após dois anos de comercial, o bloco do Kxão agora é real, para alegria geral, nós vamos sair no carnaval. Saber essa música é quase um teste para saber se você é jaguaruanense ou não. Então saíamos todos cantarolando o hino do Kxão Azul, munidos de nossas caixas de maisena e numa pisadinha de frevo, levantando uma poeira, que só quem já saiu no Kxão Azul sabe. Não se pode desconsiderar a contribuição do Kxão Azul para o fortalecimento do mela-mela no carnaval de Jaguaruana.
(Trecho retirado do livro Meu Baú de Memórias, de Ciro Zulu)