Ressaltando sua importância cultural, o envolvimento comunitário e o valor simbólico dos blocos de rua.
Quando eu morei em Fortaleza, a melhor viagem de volta para Jaguaruana era no carnaval. A gente sempre era recebido na agência com uma miniorquestra embalando Kxão pra mim, Kxão pra tu, vamos pular no bloco do Kxão Azul. Esse era o melhor seja bem-vindo que se podia escutar. Se você não é de Jaguaruana, talvez não saiba do que eu estou falando, mas Kxão Azul era um tradicional bloco de carnaval de rua que fez muito sucesso no final da década de 90 e começo dos anos 2000.
Existia uma preparação anterior, uma economia de dinheiro e uma expectativa para a divulgação do modelo do abadá. Já existia também o Bloco do Povo (o mais tradicional da cidade), com Chico Zé de Joana e Anunciata como se fossem o Rei e a Rainha do carnaval jaguaruanense.
O Bloco do Povo resistiu a todas as adversidades e continua a desfilar pela cidade no carnaval, sendo o único representante da cultura do bloco de carnaval de rua de nossa cidade. Sonho, no entanto, com o dia em que as ruas sejam invadidas de novo pela cultura mais genuína do carnaval. Espero poder voltar a cantar, pelas ruas de minha cidade: Vai começar de novo o balanço gostoso, é o Kxão Azul que vem trazendo alegria, meu povo.
(Trecho retirado do livro Meu Baú de Memórias', de Ciro Zulu)